Oliver Rowland, da Nissan, participou nesta quinta-feira de round-table on-line, atividade já típica da semana pós-prova da Fórmula E. Com bom gerenciamento de energia e ultrapassagens heroicas, o piloto inglês desbancou a dupla da Porsche e foi o vencedor do E-Prix Hankook da Cidade do México de 2025, que teve 40 mil pessoas esgotando a capacidade das arquibancadas do Autódromo Hermanos Rodríguez, no último sábado.
Com participação da imprensa global, inclusive do Brasil, Rowland se mostrou descontraído durante a entrevista on-line, após seu primeiro triunfo na pista mexicana, abrindo um momento histórico de sua carreira, quando vai se tornar o piloto da equipe Nissan Formula E com maior número de participações em E-Prix, já na rodada dupla de Jeddah, na Arábia Saudita, em fevereiro. Neste clima, o piloto falou durante cerca de 30 minutos sobre suas impressões pós-vitória.
Alguns dos destaques da round-table com Oliver Rowland:
Primeira vitória da carreira no E-Prix Hankook da Cidade do México
Rowland descreveu a vitória na Cidade do México como “surreal”, por conta do histórico na pista, até então, bem como pela sensação de ter 40 mil pessoas torcendo.
“Corro por lá (no E-Prix do México) há seis ou sete anos, sempre vi e ouvi aquela multidão, foi sempre um evento incrível, sempre sonhei em estar no pódio, sentir aquela energia. E foi bem surreal, para falar a verdade. Voltar para casa, voltar à realidade foi um pouco estranho, para ser honesto. Levei alguns dias para me readaptar. Sabe como é centenas de pessoas gritando seu nome do lado de fora da garagem, mesmo 4 horas depois da corrida terminar? De fato, foi um evento incrível, a corrida obviamente correu incrivelmente bem para nós e espero que seja o começo de algo grande”, afirmou Rowland.
O piloto da equipe Nissan Formula E elencou a estratégia de gerenciamento de energia traçada pela equipe, mas destacou suas manobras para ultrapassar rivais, sobretudo após a segunda entrada do Safety-Car, como fundamentais na vitória.
“Obviamente as ultrapassagens após o último Safety-Car e a capacidade de fazer isso em cerca de 12 curvas foi a chave para a minha vitória na corrida. Na verdade, isso junto ao gerenciamento de energia. Sempre olho para trás para ver o que posso fazer melhor e já assisti à corrida novo algumas vezes, mas senti que perdi um pouco no sábado do gerenciamento de energia, especialmente na disputa [por posições], provavelmente consumindo um pouco demais. Ainda temos algumas coisas a aprender sobre o carro, mas acho que no final conseguimos com, com as entradas do Safety-Car, fui presenteado com um pouco de energia, que conseguimos usar muito bem até o final”.
GEN3 Evo traz grande evolução em relação ao GEN3
Oliver Rowland fez questão de apontar os pontos de evolução do novo carro da Fórmula E, o GEN3 Evo, citando como o novo Modo de Ataque e os novos pneus de uso misto da Hankook podem ajudar a definir posições e até mesmo uma vitória.
“O Modo de Ataque na GEN2 era bem ok, você podia progredir com ele, mas acho que no começo da GEN3 a potência extra não estava entregando o desempenho que precisávamos para realmente ultrapassar e fazer a diferença. Já neste final de semana é possível ver que tivemos uma corrida muito boa e acredito que o que permitiu isso foi a potência [extra] permitindo uma diferença em termos de tempo de volta. Assim que você ativa o Modo de Ataque, você meio que tem que ganhar esse acréscimo no tempo de volta para fazer valer a sua corrida. [...] Acredito que não só permitiu mais a questão das ultrapassagens, como também abriu o lado estratégico da corrida e evitou aquele estilo de corrida de pelotão, digamos assim. E isso, na minha opinião, é ótimo.
“Como no México pegar o vácuo não é super benéfico [...] como é comum em pistas em locais de altitude, o Modo de Ataque para mim foi um enorme sopro de ar fresco neste ano. É divertido! Eu pude acelerar naquela volta e passar alguns pilotos, de modo até um pouco extremo, mas acho que bem interessante também”, explicou Rowland.
O piloto também falou sobre o desempenho dos novos compostos de pneus de uso misto e maior uso de componentes reciclados da Hankook.
“Minha posição sobre isso [os novos compostos de pneus] sempre foi bem clara, mas os pneus são os mesmos para todos, todos têm de lidar com a mesma situação. Eles são complicados? Sim, não há dúvida sobre isso, você está perdendo muito tempo de volta, mas quando eu era mais jovem, eu amava pilotar naquele aguaceiro com pneus slick, nos tempos de kart. Então, não quero reclamar muito sobre como lidar com pneus de uso misto, que tem que servir para quaisquer condições. [...] Acho que a janela de temperatura de operação é provavelmente um pouco mais alta com esses novos pneus, então quando eles não conseguem atingir a temperatura, eles simplesmente não funcionam e a construção do pneu significa que eles são provavelmente um pouco mais rígidos, um pouco mais difíceis de dirigir. Honestamente, da minha perspectiva, eu gosto bastante dessas condições super escorregadias, é extremamente desafiador”.
Rowland ressalva que, com o desenvolvimento da próxima geração de carros, a GEN4, com maior potência e velocidade prometidos, talvez seja necessário passar a usar uma configuração específica para pista molhada.
Pit Boost introduz recarga de baterias durante pit-stop em Jeddah
Rowland falou ainda sobre outra novidade da temporada, Pit Boost, que deve ser utilizado pela primeira vez na rodada dupla de Jeddah, na Arábia Saudita, em fevereiro. Par o piloto inglês, a recarga de alta potência feita nos boxes, com paradas obrigatórias de 30 segundos durante a corrida, pode servir “para as equipes se destacarem em termos de estratégia e desempenho”.
“Comercialmente, há muitas vantagens em termos o Pit Boost [na Fórmula E]. Eu tenho mais de um carro elétrico no Reino Unido, e ao usá-los entendo as dificuldades de infraestrutura e de carregamento. É uma ótima maneira para a Fórmula E testar opções de recarrega e, ao fazer isso, melhorar o dia a dia [de quem usa carro elétrico], se possível.
“No começo, ainda precisaremos entender como evoluir isso, acredito que ter 30 segundos [obrigatórios] para cada carro provavelmente não é o caminho certo a longo prazo, mas é um começo para entender como as corridas evoluem com ele. [...] Acredito que deva haver um elemento estratégico e provavelmente não é algo para todas as corridas, deve servir mais para corridas do tipo Sprint ou Endurance,[...] tipos de corridas que podem acontecer formalmente em finais de semana com rodada dupla. Sou um grande fã disso, gosto de tentar ficar por dentro das coisas e acredito que dará às equipes a chance de se destacarem mais que outras, em se atualizar e em tentar fazer um trabalho melhor”, afirmou Rowland.
Pilotos, equipes e público da Fórmula E voltam a se encontrar dentro de um mês, para rodada dupla nos dias 14 e 15 de fevereiro, com o E-Prix de Jeddah, na Arábia Saudita. As provas 3 e 4 marcam a primeira vez em que a competição corre no traçado de Corniche, que também recebe a Fórmula 1.
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