CASA FIAT DE CULTURA APRESENTA A ESTÉTICA QUE INOVOU O DESIGN DO PAÍS COM A EXPOSIÇÃO “PIONEIROS DO DESIGN BRASILEIRO - CADEIRAS MODERNISTAS NA CASA FIAT DE CULTURA”

Com obras de Niemeyer, Lina Bo Bardi, Joaquim Tenreiro, Sérgio Rodrigues, Flávio de Carvalho, Jorge Zalszupin e outros grandes nomes, a mostra reúne cadeiras históricas que marcaram a trajetória do design modernista no país.

O modernismo surgiu no Brasil como prenúncio de grandes transformações na sociedade e na cultura. Em sua nova exposição, a Casa Fiat de Cultura evidencia a expressão deste movimento no design, por meio de um histórico acervo de cadeiras provenientes de várias coleções privadas. “Pioneiros do Design Brasileiro - Cadeiras Modernistas na Casa Fiat de Cultura” reúne 50 cadeiras assinadas por grandes nomes do design que criaram um novo valor estético para objetos do cotidiano. As obras em exibição abrangem um recorte de 60 anos, entre as décadas de 1920 e 1980, e partem de um olhar inovador e moderno contrapondo-se ao academicismo e à estética que até então vigorava no país, de influência europeia. A mostra, que fica em cartaz até 27 de agosto de 2023, com entrada gratuita, faz parte das comemorações dos 80 anos do Conjunto Moderno da Pampulha e é realizada em parceria com o “Museu da Cadeira Brasileira – MuC” e o evento cultural “Modernos Eternos BH - 2023”.
          O design brasileiro ganha novos rumos com a chegada dos imigrantes no país, traduzindo-se em novos diálogos, propostas criativas e técnicas construtivas. No mobiliário, foi protagonizado por imigrantes como a italiana Lina Bo Bardi, o italiano Giuseppe Scapinelli, e o polonês Jorge Zalszupin, e por brasileiros, como Oscar Niemeyer e Sérgio Rodrigues. Esses pioneiros fizeram o design florescer no país ao criar projetos inovadores que trouxeram novas possibilidades para o mobiliário, inspirados pelos conceitos modernistas que evocam uma brasilidade genuína, baseada na valorização de elementos da cultura nacional, sem perder de vista a inserção brasileira no cenário internacional. A mostra reúne essas obras carregadas de histórias e simbolismos, todas originais ou reedições, com idade média de 60 anos. A partir deste acervo é possível compreender mais sobre o processo criativo, entendendo as formas, técnicas, materiais e os novos conceitos propostos por cada designer.

 O curador da exposição, João Caixeta, relembra que as edificações modernistas trouxeram a necessidade de serem ocupadas por um mobiliário também moderno. “É a arquitetura moderna que pede algo novo. E é o design de cadeiras que se torna forte o bastante para gerar esse novo movimento, começando pelas mãos dos arquitetos e dos designers”, explica. Essas referências modernistas continuam, inclusive, a nutrir o design contemporâneo, colocando o Brasil em posição de destaque internacional.


Segundo Massimo Cavallo, presidente da Casa Fiat de Cultura, ao apresentar exemplares ímpares da arte do design em um prédio modernista, a instituição convida o público a ter um olhar atento para redescobrir a própria história. “No ano em que se celebra os 80 anos do Conjunto Moderno da Pampulha, as conexões modernistas contempladas nesta mostra, a pluralidade presente na criação das cadeiras, aspectos da trajetória desses pioneiros e as raridades relembradas nos estimulam a compreender nossas raízes e esse legado que se mantém vivo para além de seu próprio tempo.”

        A exposição evidenciará também a cadeira como objeto expressivo e multidimensional, que carrega diversos sentidos e simbologias. Para o curador, o design peculiar das peças apresentadas caracteriza verdadeiras esculturas, feitas em materiais nobres, demonstrando intensa criatividade. 
“Revisitar nosso passado e refletir sobre as rupturas trazidas pela modernidade e sua influência transformadora, nos provoca a transpor barreiras, avançando como sociedade. Hoje podemos celebrar este acervo do design realizado no Brasil do século XX nesta exposição, com seus criadores, modernos e eternos”, pontua Caixeta. A curadora adjunta, Adriana Dornas, lembra que para além do design, "a cadeira é, antes de tudo, um objeto portador de significados, sendo capaz de despertar as lembranças, revelar status, posições sociais e trabalhar a memória afetiva”. Esse é um ponto que despertará no público reflexões sobre esse objeto do cotidiano.

A mostra “Pioneiros do Design Brasileiro - Cadeiras Modernistas na Casa Fiat de Cultura” é uma realização da Casa Fiat de Cultura, do Museu da Cadeira Brasileira – MuC e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Fiat e do Banco Safra, e copatrocínio do Banco Fidis e da Brose do Brasil. O evento é realizado em parceria com a Modernos Eternos 2023, tem apoio institucional do Circuito Liberdade, além do apoio do Governo de Minas, da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e do Programa Amigos da Casa.

Os núcleos da exposição

A exposição “Pioneiros do Design Brasileiro - Cadeiras Modernistas na Casa Fiat de Cultura” é apresentada em núcleos que estimulam a compreensão da narrativa modernista revelada pelas cadeiras em exibição.

             Na primeira sala expositiva, intitulada “Conexões Modernistas”, uma breve contextualização sobre esses 60 anos da produção modernista do mobiliário brasileiro pode ser acompanhada no rizoma, construído com referências extraídas de revistas da época. Ao centro dela, a “Poltrona Costela (1954-1955)”, um clássico do mobiliário. Ao observar a estrutura da poltrona Costela, é fácil entender por que ela ganhou este nome. Seus criadores, Carlo Hauner e Martin Eisleir, ficaram conhecidos pelo traçado de linhas elegantes e curvilíneas e pela mistura de materiais na produção de seus móveis. A obra veio diretamente do acervo do Museu Casa Kubitschek, reforçando as celebrações dos 80 anos do Conjunto Moderno da Pampulha.

              O prédio modernista da Casa Fiat de Cultura, da década de 1960, que exibe o maior painel de Portinari em Minas Gerais, de 1959, faz diálogo com as obras da época. No hall principal, as cadeiras são amparadas por um tablado que “parafraseia” Niemeyer em suas curvas. O núcleo “Palácio das Cadeiras” evidencia a volumetria das obras, concentrando as maiores peças em exibição. A premiada Cadeira Gaivota (1988), primeira peça criada pelo francês Reno Bonzon, é uma das obras que integrará este espaço. Ela recebeu o 3º Prêmio Design Museu da Cadeira Brasileira, em 1988, e no mesmo ano ganhou o prêmio Movesp. Dois anos depois, foi escolhida como a melhor peça do mobiliário nacional na I Bienal Brasileira de Design. Outro exemplar de destaque neste núcleo é a “Poltrona Oscar (1956)”, em jacarandá e palhinha, criada por Sérgio Rodrigues como uma homenagem a Niemeyer. Outro destaque deste espaço é a peça icônica de Flávio de Carvalho, “Poltrona FDC 1” (1950). Considerada, na época, como peça de avant-garde, seu encosto, em tiras de couro, remete à arte indígena, lembrando uma máscara ou pintura tribal. Esta obra continua impressionando pelos traços minimalistas.

            Ao subir as escadas, o público poderá percorrer o Salão dos Pioneiros Modernistas. Dispostas em formato de um semicírculo, estão obras de extrema relevância para o modernismo brasileiro, como a “Cadeira Curva (1962)”, de Joaquim Tenreiro. Confeccionada em jacarandá e com assento em palha natural, a cadeira Curva traz em suas proporções um novo discurso formal de leveza, que só foi possível por meio do uso da madeira brasileira. Os pés muito finos, conhecidos como pés palitos, são presença constante no mobiliário desse designer, escultor, pintor, gravador e desenhista português, que dedicou sua carreira à criação de móveis. A italiana Lina Bo Bardi foi um marco não apenas nas edificações arquitetônicas, como também na história do design de mobílias no Brasil. Na Cadeira Tripé (1948), ela faz uma referência ao design das redes indígenas, por sua aderência às formas do corpo, além de trazer um toque popular e artesanal à obra. A “Cadeira Girafa (1986)”, desenhada por Lina Bo Bardi em conjunto com os arquitetos Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki, também poderá ser conhecida pelo público. Com estrutura simples e dimensões reduzidas, o desenho da cadeira faz referência à girafa, dada a altura do espaldar em forma de “T”. A “Cadeira Mulher (1989)”, de Pedro Useche, finaliza o percurso sinalizando a transição de estilo e revelando o que viria ser, um pouco mais a frente, o design contemporâneo, que traz em suas formas o figurativo.

        Como complemento importante para a narrativa criada na mostra, o percurso expositivo é finalizado na Memorabilia. Livros, quadros, postais, documentos e miniaturas ilustram referências de época trazendo lembranças dos tempos modernos. Haverá, ainda, quatro cadeiras, onde o público pode se sentar, experienciando a passagem estética ao longo dos anos: uma cadeira colonial, uma industrial (pré-moderna), uma moderna, e uma pós-moderna.

Os curadores

         João Caixeta é designer, mestre em Artes, curador, professor e pesquisador na Escola de Design - UEMG. Diretor e curador do Museu da Cadeira Brasileira - MuC e pesquisador da cultura material modernista brasileira. Adriana Dornas é doutora e mestre em Design. Vice-diretora e curadora de Design Contemporâneo no Museu da Cadeira Brasileira – MuC, membro da equipe de Curadoria do IADÊ – Instituto de Arte e Design em São Paulo e professora convidada do Doutorado da Universidade de Palermo em Buenos Aires.

Casa Fiat de Cultura

         A Casa Fiat de Cultura cumpre importante papel na transformação do cenário cultural brasileiro, ao realizar prestigiadas exposições. A programação estimula a reflexão e interação do público com várias linguagens e movimentos artísticos, desde a arte clássica até a arte digital e contemporânea. Por meio do Programa Educativo, a instituição articula ações para ampliar a acessibilidade às exposições, desenvolvendo réplicas de obras de arte em 3D, materiais em braille e atendimento em libras. 

       Mais de 70 mostras, de consagrados artistas brasileiros e internacionais, já foram expostas na Casa Fiat de Cultura, entre os quais Caravaggio, Rodin, Chagall, Tarsila, Portinari entre outros. Há 17 anos, o espaço apresenta uma programação diversificada, com música, palestras, residência artística, além do Ateliê Aberto – espaço de experimentação artística – e de programas de visitas com abordagem voltada para a valorização do patrimônio cultural e artístico. A Casa Fiat de Cultura é situada no histórico edifício do Palácio dos Despachos e apresenta, em caráter permanente, o painel de Portinari, Civilização Mineira, de 1959. 

       O espaço integra um dos mais expressivos corredores culturais do país, o Circuito Liberdade, em Belo Horizonte. Mais de 3,5 milhões de pessoas já visitaram suas exposições e 600 mil participaram de suas atividades educativas.


SERVIÇO

Exposição “Pioneiros do Design Brasileiro - Cadeiras Modernistas na Casa Fiat de Cultura”
Até 27 de agosto de 2023

Visitação presencial:

Terça-feira a Sexta-feira das 10h às 21h;
Sábados, Domingos e Feriados, das 10h às 18h (exceto segundas-feiras)
Tour virtual no site: www.casafiatdecultura.com.br

Casa Fiat de Cultura

Praça da Liberdade, 10 – Funcionários – BH/MG
Circuito Liberdade

Horário de Funcionamento

Terça-feira a sexta-feira, das 10h às 21h
Sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h

Fonte:Stellantis

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